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Crédito Rotativo: Entenda e Evite Juros Altos

Crédito Rotativo: Entenda e Evite Juros Altos

16/11/2025 - 18:09
Robert Ruan
Crédito Rotativo: Entenda e Evite Juros Altos

O crédito rotativo, associado ao cartão de crédito, pode se tornar uma armadilha financeira se não for compreendido corretamente. Neste artigo, vamos desvendar sua mecânica, as novas regras e estratégias para manter suas finanças saudáveis e livres de dívidas desenfreadas.

O que é Crédito Rotativo?

O crédito rotativo ocorre quando o consumidor não quita o valor total da fatura, pagando apenas o valor mínimo ou parcial. Nesse cenário, o saldo não pago é automaticamente financiado pela operadora, incidindo juros compostos e encargos até a quitação.

Embora exista como recurso emergencial, ele não deve ser utilizado apenas em situações de emergência. O contrato de crédito rotativo é firmado entre o correntista e a instituição financeira, seja um banco ou uma operadora de cartão.

Legislação e Limites

A Resolução 2.624/1999 do Banco Central e a Resolução 2.844/01 do Conselho Monetário Nacional estabeleceram as bases para a prática do crédito rotativo. Em 2017, a Resolução n.º 4.549 determinou que esse recurso só pode ser mantido por até 30 dias. Após esse prazo, o consumidor deve migrar automaticamente para uma forma de parcelamento com juros menores.

Mais recentemente, a Lei nº 14.690/2023, conhecida como Lei do Desenrola Brasil, impôs teto de 100% aos juros do crédito rotativo, evitando que encargos dupliquem o valor da dívida original.

Funcionamento na Prática

  1. O consumidor recebe a fatura do cartão de crédito.
  2. Realiza o pagamento mínimo ou parcial (inferior ao total).
  3. O saldo remanescente entra no crédito rotativo, acumulando juros compostos e IOF.
  4. Na fatura seguinte, a dívida anterior soma-se ao novo consumo e aos encargos.
  5. Após 30 dias, a operadora deve oferecer parcelamento com taxas mais baixas.

Números Alarmantes dos Juros

Historicamente, as taxas do crédito rotativo atingiam níveis superiores a 450% ao ano, configurando a modalidade mais cara do mercado brasileiro. Antes de 2023, um saldo de R$ 100 poderia se transformar rapidamente em quase R$ 200 ou mais, dependendo do prazo.

Para ilustrar, uma dívida de R$ 1.570 poderia ultrapassar R$ 8.657 em poucos meses sem as limitações legais. Hoje, graças ao novo teto, esse mesmo valor não ultrapassa R$ 3.140, demonstrando a importância das mudanças recentes.

Por Que os Juros São Tão Altos?

As operadoras de cartão de crédito precificam o rotativo levando em conta o alto risco de inadimplência do cliente. Quem recorre a esse mecanismo costuma enfrentar dificuldades financeiras, elevando a probabilidade de não pagamento.

Além disso, o custo operacional e as provisões para eventuais calotes embutem margens maiores nas taxas, tornando o crédito rotativo uma das linhas de crédito mais onerosas disponíveis.

Impactos Financeiros Negativos

  • O efeito bola de neve financeiro faz a dívida crescer de forma exponencial;
  • Maior risco de negativação em cadastros de proteção ao crédito;
  • Comprometimento do orçamento mensal, reduzindo a capacidade de investimento;
  • Estresse e ansiedade decorrentes do endividamento prolongado.

Dicas para Evitar o Crédito Rotativo

  • Utilize planilhas ou aplicativos para acompanhar seus gastos diariamente;
  • Estabeleça um teto mensal para o uso do cartão de crédito;
  • Priorize sempre o pagamento integral e na data da fatura;
  • Evite compras parceladas em excesso que comprometem futuras faturas;
  • Renegocie sua dívida rapidamente caso não consiga quitar integralmente;
  • Busque alternativas, como empréstimos pessoais, com juros menores.

Mudanças Recentes em Favor do Consumidor

A partir de abril de 2017, o rotativo passou a ter validade máxima de 30 dias. Depois desse período, a instituição deve obrigatoriamente oferecer parcelamento com condições mais vantajosas.

Em 2023, a Lei do Desenrola Brasil limitou os juros cumulativos a 100% do principal, impedindo que o valor da dívida se duplique.

Alternativas ao Crédito Rotativo

Quando surgir uma emergência financeira, considere:

  • Empréstimo pessoal – geralmente com juros mais baixos que o rotativo;
  • Crédito consignado – opção para aposentados, pensionistas ou servidores públicos;
  • Empréstimo com garantia – lastreado em imóvel ou veículo, com taxas competitivas;
  • Negociação direta com o banco para parcelar a fatura.

Considerações Finais

O crédito rotativo existe como um recurso de resgate momentâneo, mas seus juros elevados podem comprometer gravemente o orçamento. Com as mudanças legais, o consumidor ganhou ferramentas para limitar encargos, mas cabe a cada indivíduo assumir o controle de suas finanças e evitar o uso recorrente dessa modalidade.

Adote hábitos de planejamento, pesquise alternativas de crédito e, acima de tudo, priorize o pagamento integral das faturas. Dessa forma, você protege seu patrimônio e garante uma jornada financeira mais tranquila e sustentável.

Robert Ruan

Sobre o Autor: Robert Ruan

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